A data em que Miguel Gusman e Maria "Suíça" Schüller desembarcaram no Brasil é incerta. Possivelmente entre os anos 1845 e 1855.
A exemplo de milhares de alemães e outros europeus, Miguel Gusman e Maria Schüller deixaram o país de origem supostamente motivados pela consequência das guerras napoleônicas que arrasaram o país. Miguel e Marial teriam saído de Koblenz anos antes da unificação da Alemanha. Até hoje não se sabe se vieram juntos ou se conheceram-se em terras brasileiras.
A procedência mais provável de Maria Schüller é que tenha sido de Coblença (confluência dos rios Mosela e Reno. Depois de passar para a Prússia em 1815, Koblenz foi a capital (1824 a 1945) da província do Reno prussiano. Há um pequeno vilarejo que leva o mesmo nome na cidade de Hoyerswerda, localizada em Dresden, na Saxônia. O que se sabe é que a região portuária de Bremen era na época um dos principais pontos de embarque para as Américas, mas Miguel e/ou Maria podem ter embarcado também do porto de Hamburgo.
Os anos entre 1840 e 1850 foram marcados por forte opressão política e constrangimentos econômicos com futuro incerto em virtude de movimentos revolucionários. Estados germânicos não se adaptavam às transformações que se anunciavam no período que ameaçava a perda de propriedades e identidade profissional. Muitos desses emigrantes de classe média tentavam se manter fiéis à valores anticapitalistas, Eram proprietários de lojas, pequenos artesãos e camponeses.
As indústrias estavam paradas por toda a Alemanha, a população endividada e muitos operários talentosos desempregados. Era um período em que a imigração se intensificava no Brasil e Estados Unidos. Grande parte dos alemães optara por emigrar para as Américas em busca de novos horizontes.
“O Império brasileiro mantinha uma política de incentivo para a criação de colônias em terras para cultivo e entregues aos imigrantes.”
O Rio Grande do Sul recebeu a maior parte dos imigrantes alemães, seguido de Santa Catarina. Os estados do Paraná, São Paulo e Espírito Santo também receberam uma porcentagem menor destes imigrantes, mas não menos significativa. Contigentes ainda menores foram recebidos em Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Muitos alemães estavam dispostos a se submeter a um regime de trabalho duro por cultivarem a esperança de progresso. Boa parte desses imigrantes perdeu suas vidas ao enfrentar longas e difíceis viagens sob clima adverso em busca de terras. A presença alemã em cidades como Juiz de Fora e Petrópolis se faz importante para nossa pesquisa. A partir de 1845 prosperava em Petrópolis uma colônia de dezenas de alemães, motivados pela idéia de atrair mão-de-obra especializada alemã para a construção de estradas no Brasil.
Nos assentos da Paróquia São Paulo de Muriahe, há o registro de casamento de Miguel da Silva Gusman e Maria Schüller em 23 de fevereiro de 1857. (Veja também outros registros na página "Manuscritos da Matriz S. Paulo de Muriaé (Parte I) - Os laços Schüller, Gusman, Arreguy e Hastenreiter".
Os Gusman & Schüller ja viviam no Brasil há pelo menos uma década quando em 1864 teve início a Guerra da Tríplice Alianca. Argentina, Brasil e Uruguai lutaram juntos contra o Paraguai até o término da guerra em 1870, no que é considerado o mais sangrento capítulo da história latino-americana.
Miguel Gusman teria integrado a "Bateria Alemã", composta por imigrantes recrutados pelo Governo brasileiro, seguindo para o Sul do Brasil. Possivelmente como "Voluntário da Pátria" em troca de prometidas gratificações salariais, pensões, preferência em empregos públicos e terras. Quando entrou e voltou da guerra não temos confirmação, mas possivelmente no primeiro período (final de 1864 a meados de 1866).
Este obscuro capítulo da história e a participação dos voluntários alemães são contados no livro Alemães e descendentes do Rio Grande do Sul na Guerra do Paraguai, de Klaus Becker. (1968)
Finda a guerra e então considerado um "veterano", Miguel seguiu para Miracema, no estado do Rio de Janeiro, onde fixou residência e, mais tarde, desceu até o distrito de São Paulo do Muriahé, pertencente a São João Batista do Presídio (atual Visconde do Rio Branco) e subordinado a Santa Rita do Glória (atual município de Miradouro).
Ao final do século XIX houve grande progresso em Muriaé, como a inauguração da Estação da Estrada de Ferro Leopoldina que ligaria, diariamente, Muriaé à então Capital da República (Rio de Janeiro). Muitos dos descendentes de Miguel e Maria vivem na cidade, sendo o mais forte indício das raízes da família no Brasil.
Na metade do século XIX havia em Muriaé uma pequena colônia alemã dedicada a agropecuária, comércio e prestação de serviços. A família Gusman teria se estabelecido na região da Gameleira.
Muriaé era também uma importante produtora de café. Os coronéis, proprietários de grandes fazendas representavam a elite econômica da região com forte influência política no país. Um dos filhos do casal, o coronel Adolpho Gusman (1856-1930), passou a vida na cidade, dedicando-se à atividade agrícola (principalmente café e cana de açúcar em grande escala).
SUGESTÃO DE LEITURA: Raízes da Imigração Alemã, HELMAR RÖLKE
É importante ressaltar que outro livro, Imigrantes alemães. 1824-1853 de Gilson Justino da Rosa
identifica o sobrenome SCHÜLLER entre as 250 páginas do manuscrito deixado pelo Dr. Daniel Hillebrand, O livro transcreve o códice C-333, que contém os registros de entrada dos imigrantes no período de 1824 a 1853.
Os imigrantes desse período estão catalogados em ordem cronológica de chegada, perfazendo um total de 7.465 imigrantes.
Na lista de passageiros aparece o nome de MARIA CATHARINA SCHÜLER, que teria desembarcado no Brasil com os pais e irmãos, porém os dados não correspondem aos registros que conseguimos até aqui.
Segundo registros de batismo encontrados na Igreja Matriz São Paulo de Muriaé
os nomes de Catharina CHULER e José (Joseph Etienne) ARREGUY constam como padrinhos de João Gusman e (18/12/1858), e os nomes de “Antonio (B.) e Margarida CHULER como padrinhos de Miguel Gusman (05/01/1861).
Catharina Schüller que consta dos arquivos do Codice C-333 possivelmente seja a irmã de Maria Schüller e até a atualização deste post (setembro de 2022) não foi possível confirmar a informação.
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