Há grande controvérsia em relação à real origem do sobrenome Gusman. Do Hindu गुसमन, alguns defendem que suas raízes são originárias da Espanha. A linhagem desta família é muito antiga e pode ser rastreada a partir do século X em diante. O nome viria de um cavaleiro que povoou a aldeia de Guzmán.
Estudos mostram que os primeiros descendentes foram Nuño Pérez de Guzmán (±1165—1212), Pedro de Guzmán e Juan Nuñes de Guzmán, membros de uma das famílias mais ilustres e estendidas da Espanha, da qual pertence o patriarca S. Domingos.
No século 16, quando a revolta protestante estava perseguindo católicos na Alemanha muitos fugiram para Espanha em busca de proteção. O sobrenome “Guzmán” também figura no Ducado de Medina Sedonia. O primeiro duque seria “Guzman, el Bueno”, nascido no século XIII. Maria Guillen de Guzmán, falecida em 1262, amante de Alfonso X, rei de Castela e Leão, era filha de Guillen Perez de Guzmán.
Entre os primeiros ancestrais dos duques de Medina Sedonia aparece Juan Alonso Perez de Guzmán e Osório (falecido em 5 de outubro de 1396). Em 1371, ele teria se casado com Beatriz, filha ilegítima de Enrique II de Trastámara, rei de Castela.
Fidalgos espanhóis teriam seguido para Portugal onde deixaram uma vasta descendência no reino. A rainha de Portugal, D. Luisa de Gusmão e a imperatriz na França Eugénie de Montijo são decendentes diretos de Guzmán. Podemos classificar essa origem portanto, como sendo toponímica, visto que que é meramente geográfica. No Brasil, reconhecemos facilmente o nome do Padre Bartolomeu de Gusmão.
DIFERENTES DESTINOS
Ao longo do tempo, a família Gusman assim como outras variações do nome selecionaram diferentes destinos, seguindo para países e continentes distintos. O nome da família Gusman é encontrado em cerca de 70 países, com maior concentração nas Américas, Europa e Ásia. Certo é que o sobrenome só ganhou popularidade no Brasil com a chegada dos imigrantes que fizeram do país sua nova morada.
Há registros também de pelo menos duas famílias Gusman que viviam em Louisiana, nos EUA em 1840, ano que coincide com a provável chegada de Miguel Gusman e a esposa Maria Schüler ao Brasil. A maioria dos Gusmans que chegaram aos EUA foram registrados entre 1840 e 1920. Louisiana aparece como um dos estados com a maior população de famílias Gusman, representando cerca de 40% de todos os Gusman registrados nos EUA. A versão “Gutzmann” é predominantemente encontrada na Europa e África do Sul.
Curiosidades
O sobrenome Gußmann, ou Gussmann teria sido encontrado pela primeira vez na Áustria. Gussmann seria de origens humildes nos primeiros tempos e somente mais tarde ganhou reputação significativa por sua contribuição à sociedade medieval da região.
A família teria se destacado formando uma série de ramificações com a aquisição de propriedades distantes, elevando assim seu status social e a formação de um poderoso clã.
Uma outra versão é o nome germânico Guthmann ou Gudhmann que significa “homem (mann) de deus” (Guth, Gudh). Götz é uma variação do sobrenome poligenético que significa gótico, godo, da tribo dos godos. Provém do alto alemão medieval Godizo, que também é um nome próprio medieval.
Na Alemanha antiga, quando a cultura tribal estava florescendo, muitas tribos tinham deuses e ídolos especiais que reverenciavam. Um homem teria sido escolhido para ser o protetor dos ídolos conhecidos como Götz (o equivalente em inglês americano é Goetz; em português Guts). Assim, um Götz-mann era um homem que era protetor dos ídolos - uma espécie de sumo sacerdote ou xamã.
Há ainda grafias alteradas do alemão Güßmann, que por sua vez deriva de “Goswin,” composto pelos elementos goss 'Gaut' (nome de uma tribo) + vinho 'amigo'. Uma ortografia também alterada do espanhol Guzmán.
Outra possível origem da palavra é Gutismann que significa “homem de bens”, proprietário. Vê-se ainda “homem apto (goths) para as armas”. Se olharmos para as origens judaicas (Ashkenazic oriental), o nome “Gusman” deriva da ocupação de metalúrgico, “gus” do iídiche 'fundição' + “mann”, ou 'homem' — ou, numa Graciosa analogia: “Homem de Ferro”.
Independente da vertente, o sobrenome aparece em toda a Alemanha, mas principalmente na Saxônia e leste da Baviera (Bayern). Somente um estudo genealógico mais aprofundado pode apontar se o sobrenome ou uma de suas variantes é um patronímico ou um poligenético.
Variantes de “Gus” Goehtz, Gos, Gös, Gosch, Gösch, Goss, Göss, Gotz, Götze, Gotze, Götzel, Gotzel, Götzen, Gotzen, Götzer, Gotzer, Götzger, Gotzger, Götzke, Gotzke, Götzl, Göz, Goz, Gutz, Gütz, Kotz, Kötz, Göez, Goez, Göes, Goes - variantes conhecidas e encontradas em toda a Europa de língua alemã.
Variantes do sobrenome “Gusman”
As variações ortográficas do nome de família incluem: Gutzmann, Gutzmar, Gutzmer, Gussman, Gusmann, Guzmann, Guzman, Gusman, Gussman, Guessmann, Gossmann, Goessmann, Guessman, Gosman, Goesman, Guetzmann, Götzmann, Goetzmann, Guetzman, Gotzman e Gozman entre outros.
Em espanhol a grafia mais comum é Guzmán. Em documentos do português arcaico encontramos Guzmão e Gozman. É possível encontrar as mais variadas versões do sobrenome entre as famílias mais tradicionais na Europa e em povoados de países como a Indonésia.
Goetzman não é um sobrenome comum nos Estados Unidos, onde existe um número bem mais significativo da linhagem espanhola Guzmán, muitos vindos do México. Em países como a Rússia e o Casaquistão, encontram-se Gusmans devotos do Islã.
“O sufixo "man" nos sobrenomes alemães não significam necessariamente uma origem judaica.”
Goetzmans nos EUA podem traçar sua ascendência à família Götzmann, que deixou a Alsácia Lorena - emigrando para os EUA em 1814. Nessa época, a Alsácia Lorena fazia parte da França, cuja fronteira se encontrava em meio a conflitos causados pelo retorno de Napoleão Bonaparte.
Embora Goetzman aponte para raízes não judaicas, a seguinte informação pode ser interessante:
ACRÔNIMOS HEBRAICOS: "Getz" = gabbai tsedek (seria um título dado geralmente a personalidades consideradas “santas” no Judaísmo Ortodoxo, tal como um mestre espiritual — em hebráico Tzedek é uma palavra para "Justiça") + “Man” = homem.
Muitos dos nomes alemães estão ligados à profissões. As terminações “-er” e “-mann” usualmente indicam a pessoa que faz determinada função – tal como o “-eiro” do português. Quando os imigrantes alemães chegaram ao Brasil, muitos nomes e sobrenomes foram "abrasileirados", de modo proposital ou não.
Outro fator que ocorreu para o abrasileiramento de alguns sobrenomes era o desconhecimento da língua alemã por parte dos escrivães. Muitas vezes ao ouvir a pronúncia de um sobrenome, o escrivão o escrevia em seus livros de registro da maneira como o mesmo soava, e não como ele realmente era escrito. Por este motivo, é importante saber como o sobrenome procurado é pronunciado no idioma ou dialeto original, pois talvez será desta maneira que ele estará escrito no registro.
Brasão de Família
É comum que tenhamos muita curiosidade sobre as origens da família e do sobrenome. Algumas pessoas chegam a encontrar brasões e as mais diversas histórias relacionadas ao nome, mas não há registros históricos que comprovem qualquer existência desses brasões na família.
Pela tradição europeia, brasões eram fornecidos exclusivamente à grandes cavaleiros que demonstrassem atos de coragem e bravura na idade média. O brasão é um desenho inserido num escudo de armas e com o tempo, tornou-se um ícone de status, conferido à famílias nobres. Se há indícios de brasão na família, possivelmente seriam da linhagem Guzman ou Gusmão.
Os elementos encontrados em brasão são a cor azul, com duas caldeiras xadrezadas de ouro e de vermelho, uma sobre a outra, com três serpentes de ouro em cada uma das asas. Ele tem bordadura de prata, carregada de oito mosquetas de preto.
O brasão é encontrado com algumas alterações, sem interferir em sua originalidade. É possível que outras versões sem essas características básicas façam parte de outras famílias com origem semelhante.
DEBATE: O sufixo “mann” ou “man” não é necessariamente judaico
Vale um debate mais amplo sobre a origem do sobrenome Gusman. De acordo com Donald Chipman em seu livro "Nuno de Guzman e Panuco na Nova Espanha, de 1518 a 1533", historiadores e genólogos parecem não estarem de acordo em relação à origem do nome Guzmán.
Os irmãos Garcia Carraffa (autores de um dicionário heráldico e genológico focado em sobrenomes espanhóis), acreditam que o nome representa uma combinação das palavras góticas "bom" e "homem". Os Carraffas, no entanto, não fornecem datas sobre quando os Guzmans chegaram à Espanha. Por outro lado, Julio de Atienza, um geneticologista contemporâneo, afirma que os Guzmans vieram da Alemanha e o nome é na verdade uma variação do nome Gundemaro, um rei gótico. Geograficamente, Atienza coloca os Guzmans em Burgos, onde teriam fixado residência em 950 D.C.
Como a linhagem dos Gusmans no Brasil seria alemã, como documentado pelos registros dos primeiros a chegar no Brasil em meados do século XIX, rastrear o nome a partir dos godos parece fazer mais sentido.
Há argumentos na família sobre a origem judaica do sobrenome Gusman, justificando-se que o sufixo “man" que significa "homem” e que seria o único nome em espanhol que segue essa linha. Podemos questionar isso citando por exemplo o romancista espanhol Mateo Aleman, que escreveu "Guzman de Alfarache". Além disso, não há por que justificar a origem usando apenas o sufixo "man". Outros diversos sobrenomes em espanhol não terminam em vogais ou em "ez”, a exemplo de "Beltran", "Almazan", "Martin", "Aragão", "Giron", "Puig", "Leon", "Calderón," Gracian "," Solis ","Gijon" e, como citado acima, "Aleman" (ou “alemão” em espanhol).
Outro fato histórico interessante é que um alto Condestável na Inquisição espanhola sob Ferdinand e Isabella era ele mesmo um Guzmán, é o caso de Hernan Beltran de Guzmán. Dado o exílio forçado dos judeus sefarditas, é improvável que colocassem alguém de origem judaica em tal posição. Além disso, se o nome tem origens góticas, isso poderia pesar também contra o argumento de origem judaica, já que os godos eram um povo teutônico germânico (teutões).
Obviamente a proposta deste post não é uma tentativa de recusar ou rebater argumentos sobre a possibilidade de origens judaicas do sobrenome, mas sim uma tentativa de explorar mais a fundo o assunto e apontar que a origem do nome não é tão facilmente determinada apenas pelo sufixo "man".
Não há a menor dúvida que existem Guzmans e Gusmans de origem judaica, mesmo por que o fato é comprovado através de exames de DNA feitos pela empresa 23AndMe and MyHeritage. Os exames mostram uma percentagem "Ashkenazi" pequena na composição genética.
DNA — Origens Judaicas Ashkenazi (asquenazes)
Os ancestrais do povo judeu asquenaze migraram da Ásia Ocidental para o sul da Europa há cerca de 2.000 anos. Na Idade Média, muitos judeus que moravam no sul da Europa se mudaram para o norte, principalmente para o nordeste da França e oeste da Alemanha, perto do rio Reno. Foi lá que uma identidade judaica religiosa, cultural e genética distinta se formou, e o povo passou a ser chamado de "Ashkenazi", uma variação de Ashkenaz, um descendente de Noé na Bíblia Hebraica.
Os Gusmans de Muriaé, MG — Brasil
A família Gusman estabelecida em São Paulo de Muriahé, hoje cidade de Muriaé, em Minas Gerais, é numerosa. Teve como seus progenitores Miguel Gusman, agricultor, e Maria Schüller, do lar. Ambos vieram de Koblenz, Alemanha e segundo informações de alguns de seus netos, eram de origem católica.
Dois dos Estados federados da Alemanha tem maiorias católicas: Baviera, no sudeste e Sarre, no oeste. Além desses estados, o catolicismo é também o maior grupo religioso na Renânia-Palatinado, Renânia do Norte-Vestefália e Baden-Württemberg.
Miguel e Maria tiveram nove filhos: Adolpho José, Amelia, João, Miguel, Olympia, Honório, Josephina, Elisia e Maria. Estas são apenas pistas que possibilitam algum entendimento da forte presença católica no grupo familiar. Todos foram batizados na Igreja Matriz São Paulo de Muriahé.
A família teve duas irmãs freiras na Congregação Santa Marcelina de Muriaé: Isabel e Julieta Gusman, filhas de Honório Gusman e Rita da Conceição Dornellas. O terceiro filho de Honório e Rita, Paulo Gusman, também chegou a ser seminarista, mas abandonou a vocação para se casar.
Origens do sobrenome SCHÜLLER aqui.
Leia também sobre os arquivos reservados da Igreja Matriz São Paulo de Muriaé aqui.
Comentarios